quarta-feira, 30 de maio de 2007

quais mares?


sob frentes frias,
calotas polares a derreter,
degelos natalinos europeus,
e eu a me perguntar:

se o poeta está certo,
e é o mar quem me navega,
aonde eu chegarei?

aos maravilhosos anos 80, com tudo que prometiam
e não aconteceu?
nos péssimos anos 90, com tudo o que aconteceu
e não prometiam?
nos anos 70, com tudo o que prometiam
e aconteceu?

Ou ao século XX inteiro, com tudo o que negou
e abortou?
aos últimos 300 anos, com tudo o que buscou
e foi negado?
aos últimos cinco mil anos, com tudo o que aconteceu
e foi esquecido?

Começa-se uma nova história
e repetem-se todos os erros das anteriores?
Até quando andar em círculos infernais
e seu rastro de sangue, dor e extorsões?

calar dizendo, dizer calando

Cruzamento de silêncios,
ermo gritante,
com palavras sem cheiro,
nem cor, nem sabor: ocas.

Tumultuados e serenos
são os últimos minutos
de um condenado
à vida por enforcamento.

Balançam no galho os sonhos,
a memória, lágrimas secas
estômago afora
a farfalhar pleno de vazios.

Passos emparedados
de sol escuro a iluminar,
com suas trevas,
qualquer ilusão que reste intacta.

... nostalgia!


E vejo-me... de volta ao pé de Juá
Sorrindo, alta e imponente no galho
Marcando e deixando um pouco de nós ali
... sinto ainda o mesmo cheiro
Das pitangas no pé atrás da escola
O gosto do coco que invadia até os cabelos
Das inúmeras marias-moles
Das uvas e balas de maçã-verde
Que não mais cabiam na boca
A sensação serena dos piqueniques
Dos cafés da manhã em um supermercado
... gosto e cheiro de tudo o que dividíamos
Lembranças do medo do fim
Saudades do que foi e não vai voltar
Dos amigos distantes
Dos planos para o tão esperado fim
Ou seria o começo...?!
Saudades da menina "Hip-Hop"
Lembranças de quem esteve e não mais está...

terça-feira, 29 de maio de 2007

.. lascívia!


Ébrio... saboreando meus beijos
Desenhando meu corpo
Mordiscando meus seios
Sublime e edaz desejo

Desperta a lascívia
Torna rubra minha pele pálida
Toca meu corpo gélido
E deita-me

O frio do mármore arrepia
Os olhos fixos nos meus
O toque dos lábios
Teu corpo recosta no meu

Firme, imponente
Tua rigidez a me torturar
O cheiro do álcool
O gosto ... qual gosto?

Me faz tocar-lhe
Correr os meus braços por teu corpo
Minhas pernas atracadas à tua cintura
Tua força, fazendo pressão sobre mim

Procuro me aquecer
E o calor a subir-me pelas pernas
Procuro o que tocar
Hesito, mas enlouqueço

Calo os gemidos com sussuros
Com frases feitas
Sem verso nem rima
Sinto tua proximidade

Teu calor a me tosquiar a pele
Teu beijo, tua boca
Me tornando outro novo dia
Uma nova mulher...

.. lágrimas!




Não saberia ao certo lhe explicar
Talvez em momento algum saiba o que dizer
É sublime a paz que tenho sentido
E suave o silêncio que ela me traz
Só tenho ouvido aos meus sentidos
E o coração não me deixa escutar
O que outras bocas vêm me dizer
E decepções vêm me trazer
Talvez perceba em mim uma lágrima escorrer
Mas não da face que ousou tocar
E sim da alma que não soube acalentar
Um dia talvez venha me falar
Não com frases que ouviu dizer
Mas sim, com lágrimas de quero voltar
Em outros tempos talvez
Descubra o que eu poderia te fazer
Mas mínimas são as chances
De outra vez você me ter
Se lhes disserem que não sou tudo o que desejas
Mostre-lhes que fui mais do que merece
Só que nada fui, nada serei
Além de simplesmente eu
Talvez em algum momento saiba lhe explicar ...


...olhar!

És belo teu olhar
Assim como tudo que se torna teu
Os olhos que me observam
Que me guiam como faróis
Olhos os teus
Capazes de iluminar a mais sombria noite
De tornar o ardor do suor
Tão puro e doce como um beijo
Me ensinastes a fazer amor
Gozar no mais sublime prazer
És teu o olhar
Que me conduz aonde quer que eu vá
Entre céu e mar
És a mais rara beleza
É teu o olhar que acende minha alma
Que afoga-me num terno e breve naufrágio
Onde deleito-me da morte
E tu, cm teu olhar
Me possui em vida eterna

...possessão!




Queria possuir-te agora
Em meio a solidão que me apavora
Preciso de teu sorriso
Selado aos meus lábios úmidos
Banhados da tua saliva e do teu suor
Anseio gozar teu sabor
Até não definir qual gosto é o teu
Levar-te onde jamais esteve
Onde teu sussurro vai se unir ao meu gemer
E fazermos amor de um jeito louco
Até cessar o desejo insaciável
E esgotar o inesgotável
Me permita ser eu
E seja apenas você
Me ensine a magia da paixão
E me faça ser tua
...
Com toda minha inocência violenta

... frases perdidas na net!

A vida me ensinou...
A dizer adeus às pessoas que amo
Sem tira-las do meu coração;
Sorrir às pessoas que não gostam de mim
Para mostra-las que sou diferente do que elas pensam;
Fazer de conta que tudo está bem quando isso não é verdade
Para que eu possa acreditar que tudo vai mudar;
Calar-me para ouvir;
Aprender com meus erros.

Afinal eu posso ser sempre melhor.

A lutar contra as injustiças;
Sorrir quando o que mais desejo é gritar todas as minhas dores para o mundo
A ser forte quando os que amo estão com problemas;
Ser carinhosa com todos que precisam do meu carinho;
Ouvir a todos que só precisam desabafar;
Amar aos que me machucam ou querem fazer de mim depósito de suas frustrações e desafetos;
Perdoar incondicionalmente
Pois já precisei desse perdão;
Amar incondicionalmente,
Pois também preciso desse amor;
A alegrar a quem precisa;
A pedir perdão;
A sonhar acordada;
A acordar para a realidade (sempre que fosse necessário);
A aproveitar cada instante de felicidade;
A chorar de saudade sem vergonha de demonstrar;
Me ensinou a ter olhos para "ver e ouvir estrelas", embora nem sempre consiga entendê-las;
A ver o encanto do pôr-do-sol;
A sentir a dor do adeus e do que se acaba, sempre lutando para preservar tudo o que é importante para a felicidade do meu ser;
A abrir minhas janelas para o amor;
A não temer o futuro;
Me ensinou e esta me ensinando a aproveitar o presente, como um presente que da vida recebi e, usá-lo como um diamante que eu mesma tenha que lapidar, lhe dando forma da maneira que eu escolher.
Sou feliz amo minha vida, minha família, meus amigos, meu amor, meus colegas, meus rivais!!!

quinta-feira, 24 de maio de 2007

...anjo ou demônio?!


Sou bruxa, sou santa
Loucura triste e insana
Anjo aos olhos que me vigiam
Demônio aos braços que acariciam

Sou pura, sou puta
Beata enlouquecida
Anjo no doce dos lábios
Demônio no fel da carne

Sou céu, sou Mar
Calmaria enternecida
Anjo no torpor da alma
Demônio no prazer do corpo

Sou tua, de todos
Prazer enobrecido
Anjo puro, calmo e terno
Demônio insano, triste e louco...

... mais cartas rasgadas!


Não o melhor dos momentos, mas ainda assim o mais oportuno.
...
Pediu-me pra escrever meu amor por ti, com palavras que só pra ti se fizessem... que não contasse em nossa história um amor que eu já tenha vivido. E aqui lhe digo, isto seria de todo improvável.
Os desejos são outros, assim como os medos!
...
Não aprendi a conviver com aquilo que desconheço.
Procuro em tua essência todo amor que diz sentir, pra que eu mesma possa me revelar pra ti... Mas a parte de ti que não conheço, por vezes se faz maior!
Queria conhecer teus medos, compartilhar suas angústias... Pra que minha história contigo, pra que o “EU E VOCÊ”, não se resumisse aos nossos momentos.
Para que me amasse na minha ausência, tanto quanto no calor de minha presença.
Pra que fossemos um, ainda que distantes.
Pra que eu pudesse conhecer-lhe só de olhar... E saber de teus desejos só de ver o movimento de teus lábios.
...
O carinho com que cuida de mim, é tão doce quanto o abraço que outro’ra me acalentou.
...
Não quero ver as mudanças, apesar de saber que elas estão lá.
...
O teu toque, o teu olhar que me enfeitiça enquanto me possui, não quero que seja só isso!
...
O teu gosto e teu cheiro na minha pele... Tua voz gritando seus desejos... Tua força delicada ao me tornar cada novo dia uma nova mulher... PUDERA NÃO SER SÓ ISSO.

Adoro o que conheço de ti e abomino o que não posso compreender!
Sua vida na minha, agora NOSSAS vidas... e as voltas que o mundo dá, quisera eu poder dizer onde vai dar.
Amo Muito, desejo muito... Sempre com toda intensidade que de mim emana!

Beijos.

...palavras no tempo!

São como o tempo... as pessoas
Levam um pouco de nós..
Deixam um pouco de si...

São como o vento... as tristezas
Carregadas do que foi e não mais está
Deixam a ausência do que ali esteve e não vai voltar

Assim és tu
Tão imponente, mas deveras impotente
Não sabe estar e permanecer
Calar não sabe, o que não devia dizer

E segues.. ausente e distante
Ainda que caminhando ao lado
Imprudente, suas palavras ferem
Destoam o que o teu toque sutil diz

...saudades!



Saudades do teu toque sutil
Do gosto da sua pele suada
E os beijos ofegantes que calam
Os gemidos e doces sussurros

O ritmo que nos embala
Despertando-me dos sonhos
Deturpando meus desejos
Refutando minhas emoções

Vejo por entre as frestas
No vidro fosco não tão distante
Por entre gotas coloridas
Refletindo os raios da vida

Sinto ainda o mesmo calor
Da proximidade de seus olhos
Do fervor de teus lábios úmidos
Desenhando as curvas do meu corpo

...porque Tua mão em meu peito, é a minha!

Sinto uma chama que queima em meu peito
Sua ausência é como fogo que arde sem se ver
Preciso de você para que meus dias sejam dias
Para que os meus sonhos deixem de ser sonhos

Tem algo sobre você, olhando nos teus olhos
Pareço encontrar tudo que procuro e desejo
Preciso desse seu amor em minha vida
Eu quero me apaixonar por você a cada dia

Não faça mais jogos com os meus sentimentos
Nem me deixe mais sozinha e sem direção
Esperando por você, ansiosa por seus beijos
Chorando a dor da distância que você criou

Eu te amo sem saber como e nem quando
Te amo simplesmente, com a doçura de uma criança
Com os desejos loucos de uma mulher
E assim te quero profundamente

Sem complicações nem orgulho
Assim te amo porque não conheço outra maneira
E batizo minhas lágrimas enquanto te venero
Pois tua mão em meu peito, é a minha

Nada significa nada,
A não ser que você esteja comigo
Eu posso respirar ou morrer dormindo
Por que é você que estará sempre em meus sonhos...

...papel picado ...

Rubra e ofegante
Saracoteando na escuridão
Mulher sedosa, com dengo a se banhar
E lá estão.. olhos a lhe admirar!
_____________________________

Perdido, na inquietude de sua ausência
Com sorrisos polidos
A calar com frases feitas
Tudo o que apenas ousei sentir!
____________________________

A inocência com que me entrego
Sem gana , nem culpa alguma
Pálida outro'ra fui
Agora rubra a ofegar!
_____________________________

Tão profana
Pressionas meus lábios
Afogueia meu corpo
E lança-me a esmo
Somente a regozijar
Tão simples, tão puro
Subestima o que fui
Tortura o que sou
Turva meu caminho
E se põe, lúcida a me guiar

...

terça-feira, 22 de maio de 2007

...oh chuva!

... pessoas disputando, palmo a palmo, um lugarzinho embaixo dos toldos das lojas que se seguem pelos calçadões... outros arrancavam a blusa de sopetão e jogavam-na sobre a cabeça, para proteger as "chapinhas" feitas no final de semana...
E assim a elegância do "outono - inverno" deu lugar as caras e feições carrancudas, de quem acordou esperando o sol nascer... !

segunda-feira, 21 de maio de 2007

.. cartas rasgadas!

Procuro dia-a-dia maneiras simples de demonstrar-lhe tudo o que sinto por ti
Mas como poderia eu definir com palavras sentimentos que ouso sentir...
Saibas que nada do que eu possa dizer-te, ou que tu possa em algum momento falar-me, vai mudar o que sinto por ti
São tão raros os nossos momentos, são tão loucas as nossas noites e maravilhosos são todos os nossos dias, assim como são sofríveis aqueles em que nos distanciamos
Preciso muito de ti ao meu lado... não me faça desistir de lutar por nossas vidas!
O que poderia eu dizer-te, que já não o tenha dito...?!
Nunca saberei, pois a cada dia que passa venho renovando minhas emoções de estar ao seu lado... e escassas são as palavras para defini-las
Ainda assim... amo-te
Amo cada milímetro de seu ser
...amo teu olhar, teu sorrir, teu falar
...amo teu toque, teu prazer, teu gozo
...amo teu cheiro, tuas carícias, teu suor
... tuas sandices, teus beijos, teu calor...
Amo, amo... amo tudo que há em ti!
Amo-te tanto que só o que odeio é não conseguir odiar-te por momento algum
Te amo com tudo o que há em mim
Com a ternura de uma menina e os desejos de uma mulher ...

...inquietude

A profusão de luzes e sons
O ranger dos ponteiros a se arrastar
Ganidos de um vira-lata qualquer
E tua ausência a me pertubar

Ouço longe
Sons, carros
Crianças saracotendo
E tudo se vai, num ricoxete de cores

A tv se apaga, na luz a meio fio
Calor, frio, sede e fome
As joaninhas passeiam pelo piso gélido
Enquanto, úmido gesso respiro

Os olhos pesam, lágrimas rolam
A lucidez esconde meu sorriso
Palavras, notícias velhas do dia-a-dia
E tudo se inicia

sábado, 19 de maio de 2007

Aonde o silêncio?

Acabou aquela história de o mais profundo silêncio tomba sobre a noite escura e fria.
Passos ébrios zig-zagueiam no meio fio.
O relógio do semáforo range.
Sussurros de chuva fina no telhado de zinco, tão sem aroma.
O latido distante de algum cão histérico.
Rasga a poça um ônibus às escuras roncando rumo à garagem.
Um bebê assustado resmunga sons violetas enquanto muda de posição.
A velha do décimo andar do outro lado da rua atolada numa tosse seca de fumante.
Isso sem contar o ronco de estômagos famintos dos tantos esquecidos nos subúrbios, nas favelas, sob viadutos... órfãos de luz e voz. Até quando?

sexta-feira, 18 de maio de 2007

... onde estás?


Fostes meu assim
Tão pouco mais intenso
Na luz a meio fio
Num dia outonal

Saudades de tua voz a me ninar
Da respiração ofegante ao me falar
Do gosto que teu som fazia
Do cheiro que insisto lembrar

Lembranças da nostalgia
Do vinho que não provamos
Dos parcos beijos que trocamos
Dos lugares que não frequentamos...

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Troca

O risco de olhar sem nada ver,
aroma apagado, cores mudas,
cavalgar esquinas hirtas.
Lúcido silêncio num cais sem porto.

... saudade do que foi e não pode voltar, ou será que é do que ainda não foi?!?!?


São tristes os olhos por trás da vidraça
Quebrados e opacos no triste entardecer
As cores pálidas do fim do outono
A garoa fina do início do inverno

Os outdoors que reluzem aqueles velhos olhos
A natureza morta a me pedir perdão
O medo de não mais ver reluzir o sol
E o gélido ar a congelar-me o coração

A solidão chegou com o inverno
E os olhos lacrimejam a dor da alma
O medo de não mais sentir teu calor
E não mais ter teu corpo para acalentar o meu

De não mais ouvir tua voz
E sentir teus lábios calando gemidos
E os antigos olhos de menina
Hoje refletem uma alma velha e amargurada